terça-feira, 25 de maio de 2010

É normal o que se tornou comum?

“Quando o mal triunfa”. A frase é título de uma matéria divulgada na revista Veja de abril de 2008, e motivada pelos vários crimes que chocaram o Brasil e o mundo no primeiro semestre daquele ano, entre eles, a morte de Isabella Nardoni, provocada por Alexandre Nardoni, o pai da menina, e Anna Carolina Jatobá, a madrasta. A crueldade do caso foi, por inúmeras vezes, comparada à de outro crime, ocorrido em São Paulo, no ano de 2002 - o frio assassinato do casal Manfred Albert Von Richthofen e Marísia Von Richthofen. Os réus: Suzane Louise Von Richthofen, filha das vítimas e mentora do crime; Daniel Cravinhos, Namorado de Suzane; e Christian Cravinhos, irmão de Daniel. Crimes como estes trazem à tona a necessidade de refletir acerca dos valores e da estrutura familiar.
O termo família, de acordo com o Dicionário Aurélio, pode significar: “pessoas aparentadas, que, em geral, vivem na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos”; ou ainda “pessoas unidas por laços de parentesco, pelo sangue ou por aliança”; considerando a união entre as duas definições, compreende-se que pessoas com algum vínculo genético e/ou afetivo e que não necessariamente habitem a mesma casa constituem uma família. O termo pode ainda ser mais abrangente e permitir amigos a inclusão de amigos na lista de parentes. O fato é: em relação aos valores familiares, espera-se que respeito e o amor ao próximo sejam “ingredientes” fundamentais para a construção de um lar harmônico.
Mas o que acontece quando esses elementos são esquecidos? As consequências podem ser trágicas. São crianças maltratadas pelos pais, idosos violentados por filhos e netos, mulheres agredidas física e psicologicamente por aqueles que deveriam ser os seus companheiros. Este último caso é aquele que, apesar de grave, quase nunca recebe a devida atenção. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), pelo menos uma em cada três mulheres no mundo já foi agredida, forçada a ter relações sexuais ou abusada; a violência contra mulheres e meninas já se tornou uma pandemia, presente em todos os países. Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 70% das vítimas de assassinato do sexo feminino foram mortas pelos maridos ou namorados.
Em outubro de 2008, mais um crime hediondo atraiu a atenção do Brasil e do mundo: Eloá Cristina Pimentel, quinze anos, foi mantida em cárcere privado pelo ex-namorado Lindemberg Fernandes Alves, com vinte e dois anos na época, que invadiu o domicílio da adolescente, no qual estavam presentes amigos da escola, entre eles Nayara (também de quinze anos). Após 100 horas de cárcere privado, o sequestro chegou ao fim com as duas adolescentes baleadas. Eloá faleceu por morte cerebral e Lindemberg foi detido. Assim, mais uma vida foi encerrada em consequência de atos de violência cometidos por alguém com quem mantinha forte vínculo afetivo. Um caso que traz a necessidade de lembrar a informação de que a cada 15 segundos uma mulher é espancada por um homem no Brasil. O sofrimento causado à mulher violentada é estendido à família como um todo. Afinal, se os genitores demonstram instabilidade afetiva para os filhos, estes também sofrerão de problemas comportamentais.
E por que amor e respeito são esquecidos? O homem como parte da máquina capitalista ou mesmo na luta pela sobrevivência deixou que muitos de seus valores se esvaíssem. Na busca de prosperidade financeira, acaba por lesar aquela que deveria ser a base do próprio existir humano – a família. A tal necessidade de ter cada vez mais, exige o aumento da produção (trabalho) e, em prol disso, ele abdica do tempo com os filhos, com os pais, com os irmãos. Os filhos crescem sem o carinho dos pais, sem apoio nas tarefas escolares, assistem às agressões protagonizadas por quem deveria ensinar o amor; e em detrimento disso recebem um dinheiro extra para o jogo novo do shopping, o celular lançado naquele mês, o notebook para conversar com os “amigos”.

Seria então a tecnologia um agravante do afastamento dos membros 
de uma família? O “sim” como resposta para esta interrogação seria inflexível demais. O mau uso das tecnologias, sim, é prejudicial à saúde familiar, uma vez que as conversas na sala com a família perderam lugar para o “papo” com os ditos amigos virtuais; os passeios do domingo à tarde são trocados por partidas de vídeo-game. Entre os irmãos, os jogos apenas aumentam a vontade de competir, gerando discussões que, quase sempre, resultam em agressões verbais ou mesmo físicas. Ou seja, a tecnologia também é um agravante da perda das relações afetivas no ambiente familiar.

Há ainda o caso dos pais, que por viverem sob tensão no trabalho, fazem dos filhos válvulas de escape, violentando-os física, sexual ou psicologicamente. Gráficos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) evidenciam que mais de 18 mil crianças por dia são vítimas de violência no “maravilhoso” Brasil e que 80% dessas agressões ocorrem dentro de casa. Estudos científicos comprovam que o crescimento das crianças em ambientes conflituosos torna-as mais suscetíveis às infecções, doenças cardíacas, hipertensão, diabete, obesidade, depressão, dependência alcoólica e de entorpecentes, tendem a responder a pequenas ameaças de forma mais agressiva e a apresentar comportamentos sexuais de risco. Já aquelas educadas em ambiente familiar equilibrado possuem facilidade para lidar com as emoções, com o autoconhecimento, para resolver problemas por meio do diálogo, as alterações hormonais começam mais tarde, de modo que seja evitado um início aturdido da vida sexual.
Por todas essas razões, alguns ainda levantam a bandeira de que uma família feliz é a base de um profissional bem-sucedido, que construirá um lar estável e saberá lidar com a educação dos filhos. São essas as pessoas que promovem a paz, o amor e o respeito, lutando para que as páginas policiais dos jornais e revistas já não tragam os dramas vividos e causados por uma mesma família; e que os seres humanos não consideram natural esse tipo de notícia e, portanto, esse tipo de tragédia que se tornou habitual nos conturbados dias da dita sociedade pós-moderna. 

Eu queria postar algo hoje, mas não consegui escrever nada digno de divulgação. Então, fui "fuçar" o computador e encontrei este texto, que comecei a escrever no primeiro período de Jornalismo, mas só nas últimas férias tive disposição (leia-se: NECESSIDADE) para finalizá-lo. Fiz alguns ajustes antes de postar... E aqui está! Às vezes, tenho a sensação falar sempre do mesmo tema - o amor e suas "variações". Seja porque falta, seja porque sobra. O fato é que o Amor estará sempre entre meus temas preferidos. É que as pessoas tem o triste costume de se comover com um filme, com os problemas de um conhecido, com as mazelas da África; no entanto, esquecem que no quarto ao lado sua mãe dorme chateada por não ter ouvido um simples "boa noite" ... E, assim, os dias vão passando...




P.S.: Estou criando coragem pra divulgar o blog. Só falta um pouquinho!!! =$

Um comentário:

  1. Ótimo texto. Tenho que te parabenizar tembém por levantar um assunto tão importante e abranger tantas facetas... coisas que muitas vezes são desconsideradas ou não são encaradas com a devida importância, como tu mesma deixa claro no texto.

    Aguardo os novos posts.
    bjinho, jornalista!

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