sexta-feira, 23 de julho de 2010

Para crianças e adultos. Para uma vida inteira.


Quem nunca ouviu/citou: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas", de Antoine de Saint-Exupéry? Pois bem, a famosa frase é apenas uma de um livro que cheio de lições e emoções. Eu, que não sou muito de chorar com filmes e livros, chorei na primeira leitura. E, ainda hoje, tenho a sensação de estar em um outro mundo, refletindo sobre a vida e as pessoas que por ela passam, sempre que releio a obra, seja um trecho seja integralmente. Acho simplesmente mágico como cada leitura possibilita uma nova descoberta, uma nova interpretação. Poético e repleto de ilustrações, O Pequeno Príncipe parece ser um simples livro infantil. Contudo, seus personagens-símbolos e sua linguagem metafórica remetem qualquer adulto com o mínimo de sensibilidade ao misterioso mundo das reflexões. 
Pra quem não conhece, eu conto (e, pra quem já leu uma ou umas vezes - como eu - relembro): 
A estória é contada por um piloto de aviões que, aos seis anos, teve que abandonar o sonho de ser pintor, porque os adultos não compreendiam seus desenhos.  Em uma viagem que fazia sozinho, foi obrigado a pousar no deserto do Saara, devido a uma pane no motor do avião. É no Saara que o piloto conhece o pequeno príncipe, quando, após ter adormecido sobre as areias do deserto, é acordado por uma vozinha, pedindo que ele desenhasse um carneiro. No primeiro contato, aquela figura misteriosa surpreende - aqui, o primeiro momento de emoção: a prova de que, em algum lugar do mundo, haverá alguém para compreender o que tu falas -  o homem, quando este desenha a única coisa que sabia desenhar  e que as pessoas grandes nunca reconheciam: um elefante dentro de uma jibóia, e o principezinho contesta, dizendo não querer o desenho do elefante dentro da jibóia. A partir daí, o homem começa a desvendar os mistérios do príncipe, que desejava levar o carneiro para o seu pequeno planeta, e a construir uma amizade, que despertará naquele desenhista frustrado a vontade de desenhar novamente.
O livro contém vários desenhos feitos pelo piloto. Também por isso, há quem o considere infantil. Porém, é uma estória para todas as idades. O leitor, quando se permite viver o personagem do piloto, tem muito aprender com o principezinho. Na primeira lição, o autor usa como metáfora os baobás, que destruiriam o pequeno planeta do príncipe, caso as sementes da planta não fossem retiradas todos os dias, como destruiu o planeta de um homem preguiçoso, o qual não retirou as sementes enquanto era tempo. "No planeta do principezinho havia, como em todos os outros planetas, ervas boas e más. Por conseguinte, sementes boas, de ervas boas; sementes más, de ervas más. Mas as sementes são invisíveis. Elas dormem no segredo da terra até que uma cisme de despertar. Então ela espreguiça, e lança timidamente para o sol um inofensivo galhinho. Se é de roseira ou rabanete, podemos deixar que cresça à vontade. Mas quando se trata de uma planta ruim, é preciso arrancar logo, mal a tenhamos conhecido." Assim acontece com tudo o que possa haver de ruim na chamada vida real: se um homem deixa a maldade crescer dentro de si, ela cria raízes, até devastar a vida aquela e outras vidas.
O pequeno príncipe revela-se apaixonado pela flor que deixou em seu planeta  Ele não é um homem, mas um cogumelo. Em seguida, lembra: “Minha flor está lá, em algum lugar”. Ele preocupava-se, tinha medo que o carneiro comesse sua flor. "Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla... Mas se o carneiro come a flor, é para ele, bruscamente, como se todas as estrelas se apagassem! E isto não tem importância!"
Durante as conversas com o piloto, o principezinho narra suas várias visitas. Em um asteróide, conhecera um rei, que julgava súditos todos os homens e, por isso, dava ordens até para as coisas mais simples, mesmo que contra a própria vontade; o importante para ele era que suas ordens fossem cumpridas. Ele ensinou ao príncipe: que é preciso exigir de cada um o que é possível dar, porque autoridade repousa sobre a razão, ou seja, “se ordenares a teu povo que ele se lance ao mar, farão todos revolução”. Então, suas ordens eram razoáveis, para que pudesse ser obedecido.
No planeta seguinte, morava um homem muito vaidoso. Para este, apenas interessava ser admirado por seus visitantes. O pequeno príncipe encarou isso como mais uma das estranhezas de gente grande e foi-se embora. Ainda sobre as pessoas grandes, falou de um planeta habitado por um bêbado, que bebia, a fim de esquecer a vergonha de beber. Conheceu também o homem que acreditava possuir estrelas e dedicava-se a conferi-las, isso o fez pensar que as pessoas grandes são, realmente, extraordinárias. E como não falar sobre o acendedor de lampião? Este passava a vida a apagar e acender um lampião; sem falar que tudo o que cabia no planeta era o lampião e o homem. Para o pequeno príncipe, o acendedor fora o primeiro dos vários homens com quem o principezinho faria amizade. "Esse aí, disse para si o principezinho, ao prosseguir a viagem para mais longe, esse aí seria desprezado por todos os outros, o rei, o vaidoso, o beberrão, o homem de negócios. No entanto, é o único que não me parece ridículo. Talvez porque é o único que se ocupa de outra coisa que não seja ele próprio."
Durante sua viagem, encontrou um velho geógrafo que indicou a Terra como um planeta a ser conhecido. E assim o fez. Este foi o sétimo planeta visitado. Ao chegar à imensa Terra, estranhou o ambiente vazio – ele estava no deserto do Saara, onde encontrou uma cobra, uma flor, escalou uma montanha bem diferente do pequeno vulcão do seu planeta de origem, chorou ao descobrir que havia tantas rosas iguais aquela que ele julgava tão especial. Foi, então, que surgiu a raposa, a qual ensinou ao pequeno príncipe o significado da palavra “cativar”, cativando-o. Este talvez seja o trecho mais famoso da obra de Antoine de Saint-Exupéry. Aqui, a raposa diz a célebre frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.
Ainda na Terra, encontrou um vendedor de pílulas amenizadoras da sede – “Toma-se uma por semana e não é mais preciso beber” – a fim de economizar tempo. O piloto bebia a última gota de água que lhe restava quando ouviu essa estória. Eles estavam no deserto há oito dias e precisaram caminhar em busca de um poço que saciasse aquela sede. Encontraram o poço, mas não era um apenas um buraco, como se vê nos desertos; era um poço com roldana, corda e balde. O piloto deu de beber ao principezinho e também bebeu daquela água. A despedida dos dois emociona crianças e adultos. Foi uma semana de amizade para o homem e um ano para o principezinho, de acordo com o relógio de seu planeta.
O narrador-personagem torna a estória leve e emocionante, uma vez que ele conta e compartilha aquilo que viveu e convida o leitor a participar daquela estória. As ilustrações são mágicas. A linguagem poética é envolvente. E as metáforas são um convite à reflexão para crianças e adultos. Antoine de Saint-Exupéry mexe com o imaginário de muita gente por todo o mundo com essa obra, que tem cara de infantil, mas que é como um caminho repleto de descobertas e lições para pessoas de todas as faixas etárias. Para quem ainda não leu, eu mais que indico. Para quem leu uma vez, que leia  outras vezes. E quem já releu deve compreender o que eu digo, certo?   

Agora, que eu tenho mais de cinco leitores, até breve, meus queridos!  
Obrigada pela atenção!!! (: 


Amomuitoopequenopríncipe!


quinta-feira, 22 de julho de 2010

Ih, contei!

Enfim, divulgado. Agora, tenho a obrigação de criar alguma disciplina e sentar-me à frente do computador para escrever com alguma frequência. Sinto-me feliz pela reação dos amigos e, claro, espero que estejam sendo verdadeiros em suas colocações a respeito do Nem Tão Longe. Eu sempre tive muito merdo/vergonha de mostrar qualquer coisa escrita por mim. Hoje, até sinto certa leveza ao abrir o blog... Honestamente, não faço ideia de como será ter por obrigação que escrever todos os dias. Isso sem falar em ter que encarar as várias e duras críticas. Mas o Jornalismo me parece aquele grande amor, que encanta mais e mais a cada dia com (e por) suas quedas e descobertas. Por enquanto, é isso...